Reflexões

Bem-aventurados os misericordiosos

“Bem-aventurados os misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia” (Mateus 5:7).

Facilmente se conhece um coração misericordioso. Ele é perdoador, ele aprendeu que quem perdoa é perdoado. Da mesma forma, quem não perdoa tampouco será perdoado. O misericordioso está livre dos verdugos que torturam a alma dos incompassivos.

Na segunda vez que Jesus menciona a Igreja (Mateus 18:17), Ele está ensinando sobre relacionamento entre irmãos, a questão do erro e do perdão. Pedro quer saber sobre esse assunto (18:21,22). Jesus inicia uma parábola (vs. 23 ao 25) sobre um certo homem incompassivo que, mesmo depois de ser perdoado pelo seu credor – o rei – não perdoou seu conservo. O rei da parábola chamou este homem de servo malvado (vs. 32) e entregou-o aos atormentadores. Jesus afirmou, categoricamente, que o Pai celestial faria a mesma coisa (v. 35): “Assim, também, meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”. Assim como? Da mesma forma que o rei da parábola fez. Denunciou o servo malvado e o entregou aos atormentadores. Quando não perdoamos do íntimo, estamos sujeitos ao juízo de Deus. O juízo vem primeiro pela casa de Deus (I Pedro 4:17).

De uma coisa estou convencido: Deus não tolera briga entre irmãos. Na verdade, na sua família não pode haver divisões. Deus vai julgar sempre. Veja alguns exemplos:

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo” (Mateus 5:23-26 RA).

Algumas verdades sobre este texto:

1 – O nosso culto não é mais importante do que o nosso relacionamento (a oferta pode esperar);

2 – Não podemos demorar em reconciliar com o irmão ofendido;

3 – Se a denúncia chegar antes da reconciliação, Deus julgará.

No texto de Mateus 18 nós já vimos que o juízo do Pai é entregar o incompassivo aos atormentadores. Porém existem outros textos que comprovam esta verdade, como por exemplo:

“pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem” (I Coríntios 11:29,30 RA).

Na maioria das vezes não concebemos que a divisão no Corpo pode gerar fraqueza, doença e morte. Isso é ou não é um juízo de Deus?

Caso não esteja convencido, leia o texto seguinte:

“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas” (Tiago 5:9 RA).

“Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” (I Pedro 4:17 RA).

Ouvi diversas vezes a mesma frase: “pastor, eu não sei o que fazer, mas não consigo perdoar. Por que será?”

Não conseguimos perdoar do íntimo quando não possuímos coração para isto. Por isso, o rei da parábola chamou o servo de malvado.

“Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste” (Mateus 18:32 RA).

O mandamento apostólico nos adverte da seguinte maneira:

“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4:32 RA).

Paulo anima os cristãos a serem benignos, pois somente esse coração libera o perdão, ou seja, não podemos ser compassivos (perdoadores) se não formos benignos, como da mesma forma os malvados não perdoam. É necessário haver um quebrantamento, um reconhecimento de que somos maus e necessitamos de um coração misericordioso. Assim alcançaremos misericórdia. Às vezes precisamos falar assim: “Querido(a), você não perdoa o seu cônjuge porque seu coração é malvado. Você não tem misericórdia. Mesmo perdoado(a) por Deus em Jesus, continua com um coração duro”.

Quando alguém não perdoa, além de amargurado, pode amargurar outros com seu fermento. Por estar cheio de raiz de amargura, aquele que não perdoa pode contaminar outros relacionamentos da Igreja. Perigo! (Hebreus 12).

Uma vez minha esposa comentou um trecho de um livro onde o autor disse que Deus era um Pai cego de amor. Ela estava em dúvida com relação a esta frase e por isso pediu-me uma opinião. Eu lhe disse que também não concordava com esta declaração, pois não creio que o verdadeiro amor cega a visão. Tampouco creio que Deus seja cego em algum ponto. A paixão sim cega. Quando a pessoa está enfeitiçada, apaixonada, fascinada, ela pode ficar cega ante os erros e pecados do seu ídolo, porém o amor de Deus não é assim. Creio que isso torna o Seu amor ainda mais especial. Pois apesar de nos ver como realmente somos, Ele nos ama como ninguém. O Seu amor é:

“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade;tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Coríntios 13:4-7 RA).

Os misericordiosos não abdicaram da verdade ou coisa do tipo. Eles não estão cegos ante o erro e a ofensa alheia. Eles não são imunes a dor. Os misericordiosos amam com o amor de Deus, logo alcançam também a Sua misericórdia. Os misericordiosos são “intercessores” e sabem que:

“E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (Marcos 11:25 RA).

No amor do Senhor Jesus,

De todo coraçãoSérgio Franco
Extraído do livro “De todo coração”, que pode ser adquirido na loja Servo Livre.

 

Sérgio Franco
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