Reflexões

4 coisas que denunciam o coração

O profeta Jeremias expressou sua incapacidade de tentar entender o coração humano: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9).

Por mais que a ciência se multiplique, o coração ainda é algo desconhecido. E essa incapacidade de compreendê-lo não diz respeito apenas aos corações das pessoas que nos cercam, mas principalmente os nossos próprios. Quantas vezes nós mesmos nos surpreendemos com nossas atitudes? Fazemos coisas inesperadas, que nem poderíamos imaginar.

De fato, o coração é um mistério, e vai continuar sendo assim, pois só há uma pessoa que pode compreendê-lo plenamente, em toda a sua profundidade: Deus. A pergunta do profeta Jeremias é respondida assim:

“Eu sou o Senhor que sonda o coração e examina a mente, para recompensar a cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras”. (Jeremias 17:10).

Porém, ainda que só Deus possa conhecer plenamente o coração do homem, a Bíblia aponta algumas situações que revelam ou evidenciam a situação do nosso ser interior. Portanto, nos momento que o nosso interior vem à tona, devemos dar a devida atenção para que possamos corrigir nossos rumos.

Vejamos abaixo pelo menos 4 coisas que denunciam o coração:

1- O que falamos e o que deixamos de falar

“Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12:34).

Tudo o que está no coração mais cedo ou mais tarde vai aparecer na boca. Se somos ingratos, isso vai aparecer na forma de murmuração. Se somos levianos, isso se evidencia na forma de fofoca. Se nosso coração é soberbo, uma hora a mentira vai aparecer na nossa boca. Se o nosso problema é a hipocrisia, inevitavelmente a bajulação vai brotar. Quando nosso coração é irado, vamos falar precipitadamente, etc.. Por tudo isso, as coisas que nós falamos podem denunciar o estado do nosso coração.

Por outro lado, o que deixamos de falar também revela nosso interior. Afinal, se a boca fala do que está cheio do coração, consequentemente ela não vai falar do que não está no coração. Por isso, Paulo nos diz que a Palavra de Cristo deve habitar ricamente em nós, e se isso acontecer, estaremos em condições de ajudar nossos irmãos.

“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Colossenses 3:16).

Se a Palavra estiver em nós, ela vai alcançar aqueles que estão ao nosso redor. Se estivermos vazios da Palavra, ela também estará ausente em nossas conversas.

2- Como administramos nosso dinheiro

“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:19-21).

Esse texto geralmente compreendido ao contrário, como se estivesse escrito “onde está o teu coração aí estará o seu tesouro”, como se estivesse dizendo que as coisas que priorizamos são o que verdadeiramente tem valor para nós. Apesar de também ser verdadeiro, não é isso que o texto em questão diz, pois ele está em outra ordem dizendo que onde colocamos o nosso tesouro mostra as coisas que valorizamos. E no contexto, a expressão “tesouro” está no sentido literal, ou seja, dinheiro. Portanto, onde colocamos o nosso dinheiro revela o estado do nosso interior.

O acúmulo de um tesouro no céu está intimamente relacionado à forma com que administramos os nossos recursos. Vejamos a orientação que Paulo dá aos ricos:

“que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida” (I Timóteo 6:18,19)

A nossa generosidade revela o que está em nosso interior, qual é a nossa prioridade. Estamos dispostos a investir nossos recursos na vida de pessoas?

3- A quem damos ouvidos

“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (II Timóteo 4:3,4).

As pessoas a quem damos ouvidos, os mestres a quem seguimos e as doutrinas em que cremos mostram quais são os desejos do nosso coração. Será que só estamos dispostos a ouvir àqueles que nos agradam, a crer nos ensinos que não nos reprovam?

Quando nos cercamos de gente que nos diz a verdade, ainda que doa, gente comprometida com a Palavra de Deus, aí podemos ver que há em nosso coração, apesar de suas crises e oscilações, um genuíno desejo de fazer a vontade de Deus.

Por isso, cerque-se de gente comprometida em viver e em falar a verdade da Palavra de Deus.

4- Os frutos que damos

“Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:16-20).

Fruto pode ser compreendido sob duas perspectivas. A primeira diz respeito ao resultado. Por exemplo, a Palavra em nós frutifica, ou seja o resultado de recebermos a Palavra é a  prática, e não conceitos teóricos. O Espírito Santo em nós também dá o seu fruto, que diz respeito ao caráter: amor, paz, alegria, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22,23).

Porém, fruto também diz respeito a filhos, ao impacto que a nossa vida com Deus gera na vida de outras pessoas.

Em resumo, o fruto se refere tanto à obra de Deus em nós como também à obra de Deus através de nós. E, ambas as perspectivas  revelam o estado do nosso coração. Pelo frutos conhecemos os outros, mas também conhecemos a nós mesmos. Pelo tempo decorrido na jornada cristã, que frutos temos dado, em termos de prática, de caráter e do impacto sobre a vida de outras pessoas? Precisamos refletir nisso com seriedade.

Não podemos nos esquecer do alerta de Jesus nos deixou:

“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. … Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:2,5).

Em Cristo,
Anderson Paz