Reflexões

Alien vs Predador na política brasileira

No último sábado (30 Abr 16), após o encontro com jovens no Espaço Virá, em Curitiba, eu me senti meio febril. No dia seguinte, durante uma reunião pela manhã, a febre se confirmou e o corpo pediu socorro à alma. Retornando para casa não consegui sair da cama. Uma vez dodói, acabei, enquanto convalescia, assistindo dois longos momentos de debates no Senado brasileiro. Na segunda, com a presença daqueles que são a favor do impeachment da nossa presidente, e na terça com a presença daqueles que são contra.

Confesso que desde que este processo se iniciou, oro a Deus por Sua vontade e a única coisa que eu conseguia ver era um combate “Alien vs Predador”, ou seja, quem vencer, nós brasileiros perdemos. Mesmo que o vencedor saia arrebentado e caindo aos pedaços, após a batalha, o povo permanecerá súdito da corrupção. Essa visão me gerou um desânimo e até um silêncio quanto ao tema.

No entanto, ao assistir as sessões da Comissão Especial do impeachment no Senado e ouvir os depoimentos de três indicados para fazerem a acusação (na segunda) e três para fazerem a defesa (na terça) da presidente Dilma Rousseff, comecei a desejar claramente a derrota de um dos lados. Não torço pela vitória do melhor, porque não há, mas passei a desejar a derrota do “pior”.

Não acredito que alguém tenha se iludido ao assistir as sessões do Senado crendo que as exposições dos especialistas ou os argumentos dos senadores inscritos iriam mudar as posições dos senadores que irão votar nesse processo de afastamento da presidente. Nem os Senadores da Republica, a meu ver, também acreditavam nisso. Creio que a expectativa dos partidos era influenciar a opinião pública através dos debates, uma vez que todas as atenções estavam voltadas para eles, já que o sinal da TV Senado foi retransmitido por várias outras emissoras. Penso que a audiência foi grande.

Eu tampouco sentei-me diante da TV com qualquer ilusão política. Ouvi todos com a certeza de que poucos falavam do que criam realmente. Penso que a maioria falava por pura conveniência, tanto de um lado quando do outro. Sabia que o julgamento já estava dentro de cada um e nada do que foi dito iria mudar suas escolhas. Acho muito difícil que isso ocorra. Apesar de toda a minha incredulidade com esta classe, ao ouvir ontem e hoje os senadores contrários ao impeachment da presidente, confesso que fiquei muito triste. Questionei até o fato de eu estar gastando o meu tempo assistindo as sessões. Pensei: – Como conseguem ser tão cínicos? Alguém me dirá: – “Franco, todos eles são cínicos! Tanto de um lado quanto do outro o cinismo reina!” Eu creio que a maioria é, que existe cinismo de ambos os lados, não tenho dúvidas, pois se me restasse alguma, o simples fato de assistir o comportamento desrespeitoso no trato mútuo e a total falta de atenção por parte de alguns, que deveriam ouvir com todo o cuidado e máxima atenção o que estava com a palavra, toda a minha dúvida seria dirimida. Mas existe cinismo mais profundo que, mesclado com uma hipocrisia de muitas máscaras para o mesmo ator, nos dá uma impressão de que estamos assistindo a uma tragédia grega onde “coa-se um mosquito (da dengue, zica, chikungunya) e engole-se um camelossauro” e foi essa coisa que eu vi na totalidade dos senadores do PT e seus asseclas. Eles são orquestrados por uma obstinação burra. São teimosos no caminho do engano. São pelo partido e não pelo Brasil.

Quando digo isso, não ignoro que uma parte do povo milita por esses partidos e que aqueles senadores são seus representantes legais. Digo isso crendo inexplicavelmente que o gigante não ficará “deitado eternamente” em berço algum. Eu acredito que o Brasil vai despertar e se levantar. Sei que aqueles políticos representam por direito uma parte do povo, mas se eles não se arrependerem não sentarão mais ali para julgarem e sim em outras cadeiras para serem julgados.

Tratando-se da “cegueira da visão” nem mesmo os especialistas em direito e contas públicas indicados para falar contra o afastamento da presidente escaparam de transparecer o lado negro que camufla a realidade dos fatos. Exemplo: Um ex-presidente da OAB finalmente admitindo que o governo é de fato culpado e responsável pelas pedaladas e algo mais, disse que no entanto a presidente não era responsável e nem culpada. Como ele pôde incluir o governo e excluir a presidente? O fato da presidente assinar decretos, segundo o tal jurista, não a faz responsável pelas pedaladas e outras coisas mais. Este é apenas um exemplo dos absurdos que ouvi nestes dois dias. Nós sabemos que a palavra responsável possui sua raiz na palavra responder. Responsável é quem responde. Portanto, a chefe do governo que é a Presidente da República é sim responsável pelo governo e pelos seus atos nas contas públicas inclusive. Ouvindo tudo o que suportei ouvir, cheguei a um pensamento: Nesta batalha de monstros há um pior do que o outro e quem sabe, bem pior.

Algumas coisas eu já tinha claro sobre este momento político brasileiro, como por exemplo: “Deus abate o soberbo” e Lula extrapolou sua medida de altivez. Deus já está resistindo a este homem e quem tentar sustentá-lo, vai ser achatado juntamente com ele. Muitos que me leem neste momento já sabem disso, mas a maioria do povo, daqui a pouco tentará identificar QUEM derrubou Luiz Inácio Lula da Silva. Haverá debates de várias classes tentando responder a esta pergunta. E já adiantando a este frenesi, quero tomar emprestado o conselho dado pelo Dr. Martin Luther King Jr. ao falar sobre a morte do presidente que iniciou apoio ao Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos. Quando todos buscavam descobrir QUEM matou o presidente americano John Kennedy, o pastor disse que era importante descobrir QUEM matou Kennedy, mas era muito mais importante descobrir O QUE o matou. King queria dizer que por trás daquele crime brutal havia um racismo hediondo. Na questão do ex-presidente brasileiro, quando todos buscarem saber QUEM o derrubou, só encontrão reposta, se descobrirem O QUE derrubou o nosso ex-presidente Lula: Sua “soberba”.

Durante estes dias de convalescença, outras coisas estão ficando claras para mim, uma delas é que nós devemos enfrentar cada gigante a seu tempo. Alien ou Predador? Quem ficar de pé, deve ser enfrentado pelos que amam esta nação, com fé em Deus e firmeza de caráter. Aqui, o mais sábio não é dizer a famosa frase: “que vença o melhor”, mas profetizar: QUE PERCA O PIOR!

No amor do Senhor Jesus,

Sérgio Franco

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