Reflexões

Jesus, Seu reino e a era dos negócios

Nesse exato momento, pessoas estão comprando e vendendo, fazendo negócios, criando e adquirindo produtos. Outras estão se casando, e estão muito ocupadas preparando suas cerimônias de casamento. Muitos estão se deslocando de um local para a outro em busca de suas merecidas férias. Em todo tempo todas essas coisas lícitas estão sendo praticadas. E o que essa informação acrescenta de relevante pra nossas vidas? A maneira como cada pessoa faz essas coisas lícitas. Uns fazem com o coração completamente sobrecarregado, preocupado e cheio dessas realizações como se fossem um fim em si mesmas. E outros se ocupam com essas coisas apenas como mordomos fiéis, que prestarão contas do que desempenharam aqui. Só Deus sabe os motivos e intenções de cada um. Mas podemos perceber o que está enchendo o coração de uma pessoa quando observamos suas prioridades, metas e falas.

Se você prestar atenção, poderá perceber que o primeiro parágrafo deste texto traz um relato contemporâneo das previsões de Jesus sobre os últimos dias em Lucas 14:17-20. O que me impressiona é o enfoque de Jesus na era empreendedora. Sua fala tem um paralelo claro com a era em que vivemos. Ele contou uma parábola intrigante que conta a história de um homem (o Pai) que fez um convite a muitos para participarem de uma grande ceia. A grande maioria ou todos os convidados simplesmente não priorizaram o convite. O motivo? Estavam ocupados com seus “próprios interesses”. Essa ceia é um cenário que ilustra toda a atenção voltada para quem convidou.

À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por escusado. E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir.” Lucas 14:17-20

Prioridade

A prioridade de alguém é aquilo que não apenas ocupa o seu tempo mas também o seu coração. É aquilo que demanda o maior fluxo de atenção e energia de uma pessoa. O tempo é vida. Gastamos tempo naquilo que mais valorizamos. “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21) Podemos até dar desculpas de que o que nos ocupa é lícito e até mesmo necessário. Podemos também afirmar que o que estamos construindo é para Deus, mas o que nos garante isso?

Se algo é realizado para Deus, também deve ser construído através dEle e deve redundar em glória para Ele. A linha é muito fina em construirmos algo que faça célebre o nosso nome e não o dEle. As prioridades do coração dEle devem ser atendidas e não a nossa agenda.

Pensando no trabalho por exemplo:

O trabalho

Um filho de Deus trabalha por que o Pai trabalha (João 5:17). Simplesmente por que imitamos suas obras e queremos fazer tudo pra glória dEle (Colossenses 3:23) O trabalho é um meio, e não um fim. Se o nosso sustento vem do Pai, é pra Ele que trabalhamos e a excelência é garantida. Os homens verão a maneira com que trabalhamos e os resultados desse trabalho, e então glorificarão o Pai por verem nossas obras e nosso testemunho diante de todos (Mateus 5:16). O padrão de nosso trabalho deveria expressar o modo e a intensidade com que o Pai trabalha. Quando nosso motivo está ajustado, não trabalharemos mais em busca de reconhecimento, realização pessoal e conforto, então o trabalho terá o seu lugar devido em nossa escala de prioridades.

O casamento

Uma das escusas dadas pelos convidados para a ceia era o casamento. Essa escusa me faz refletir sobre a maneira como encaramos nossos relacionamentos, em especial o casamento. O matrimônio envolve uma necessidade real e lícita de atenção, envolvimento e cuidado. É um campo a semear. Requer muito trabalho e dedicação, e se pararmos pra pensar, seu idealizador foi o próprio Deus. Porém, o casamento também não é um fim em si mesmo. A maioria de nós casa pensando em si. O que está envolvido é a própria felicidade, a realização pessoal projetada num relacionamento que acaba nessa terra. Gasta-se até o que não tem na festa de casamento com a justificativa que é uma vez só (ou não).

O canal de notícias G1 divulgou em abril do ano passado que a indústria do casamento movimenta cerca de 15 bilhões por ano só no Brasil. É um baita negócio! Não tem crise pra esse setor. Isso revela o quanto é uma indústria que trabalha com o sonho das pessoas. O sonho por realização pessoal. Você quer conhecer as prioridades e consequentemente o coração de uma pessoa, observe sua planilha financeira. Você vai ver com o que ela mais se preocupa é o onde ela mais “investe”. Nenhum relacionamento é saudável se o motivo dele existir é o nosso próprio bem estar.

Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos” (Lucas 14:21)

Jesus segue com a ilustração. Como todos os primeiros convidados recusaram por que eram “importantes demais”, tinham muitas ocupações, o anfitrião convida os que tinham disponibilidade e disposição pra se envolverem com os interesses dEle. Os que poderiam atender seu chamado eram os “pobres”, “aleijados”, “cegos” e “coxos”. São os que dependem, os fracos, os que nada tem mesmo possuindo tudo.

A conclusão disso tudo não é que Deus quer que sejamos todos pobres e solitários. Jesus disse que nos dias em que Ele voltaria, até mesmo os chamados por Ele estariam distraídos e envolvidos com suas demandas numa proporção que os impediria priorizar o Reino de Deus. São muitas advertências de Jesus sobre a vigilância com aquilo que sobrecarrega o nosso coração e que podem se tornar embaraços até chegar o ponto que o Amor se esfrie dentro de nós. Fique atento!

Acautelai- vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço.” Lucas 21:34

Ideraldo de Assis
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