Reflexões

Mulher, vaso mais frágil

Há alguns meses publiquei o post “Eu precisava casar…”, onde compartilhei uma reflexão sobre como Deus usa o casamento para nos transformar à imagem de Jesus. Entre os comentários que recebi, uma crítica chamou minha atenção. Algumas leitoras me criticaram por apenas uma frase do texto, onde eu me refiro à mulher como “vaso mais frágil”. Segue abaixo um comentário de uma leitora com essa crítica.

“O único erro do texto é afirmar que a mulher é o “vaso mais frágil”. Não é. Nunca será. Mulheres conseguem carregar fardos muito mais pesados que vcs, ainda mais a mulher cristã. No mais, texto maravilhoso! Parabéns!”

Apesar da crítica ser direcionada ao meu texto, preciso dar os devidos créditos e  atribuir a frase ao seu autor, que não sou eu. Quem disse que a mulher é o vaso mais frágil foi Pedro, o apóstolo, em sua primeira carta:

“Igualmente, vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações” (I Pedro 3:7).

Pedro se refere à mulher como “vaso mais frágil” para reforçar a honra que o marido deve dar à mulher. Na verdade, o apóstolo ensina que o trato do marido para com a mulher deve levar em consideração duas verdades: a igualdade entre homem e mulher (são co-herdeiros da mesma graça de vida) e a diferença entre os  mesmos (a mulher é o vaso mais frágil). Ao mesmo tempo que Pedro destaca a igualdade, não deixa de mencionar a diferença.

De fato, no que tange à dignidade, ao valor, e à posição diante de Deus, homem e mulher são absolutamente iguais. Ambos foram criados à imagem de Deus. Em Cristo são todos iguais.

“Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:28).

Porém, Pedro, ao mesmo tempo que afirma a igualdade entre homem e mulher como herdeiros de Deus, também destaca uma diferença que deve considerada na relação entre os dois gêneros: a mulher é o vaso mais frágil, e é impossível promover a dignidade e a proteção da mulher sem levar em conta esse fato. É necessário ressaltar que não se trata de inferioridade da mulher, e sim de sua fragilidade. Inferioridade e fragilidade são coisas distintas.

Por mais que se afirme a igualdade entre homens e mulheres, qualquer pessoa de bom senso terá que levar em conta a fragilidade da mulher, ao menos no que diz respeito à fragilidade física. Não é à toa que existe legislação para coibir a violência contra a mulher, posto que esta está numa condição mais frágil frente ao homem, e por isso também corre riscos. As mulheres são as principais vítimas da violência doméstica e são quem mais sofrem as consequências de relacionamentos desastrosos.

Não se protege a mulher ignorando sua fragilidade, colocando-a ficticiamente na mesma condição que homem em situações nas quais, por natureza, são diferentes.

À luz das Escrituras, a fragilidade da mulher é destacada não para que ela seja oprimida ou subjugada pelo homem, mas sim para que este seja responsável. Afinal, em um navio afundando, espera-se que a prioridade para os botes de salvamento seja das mulheres e das crianças, e que os homens assumam os riscos e ocupem o papel de proteção.

Os homens precisam entender o valor e a fragilidade da mulher, assumindo para si a responsabilidade do cuidado e da proteção.

Homens e mulheres são herdeiros da mesma graça de vida, são iguais em Cristo, e participantes do Seu projeto eterno. Cada um com suas particularidade tem uma contribuição indispensável no projeto de Deus, cada um expressa uma parcela da imagem de Deus.

“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27).