Reflexões

“Ser cheio do Espírito” – Você está fazendo isso errado

A Bíblia diz: “enchei-vos do Espírito Santo!” (Efésios 5:18-25). O texto continua até o final do capítulo 6 de Efésios. Se você pensa que para ser cheio do Espírito basta cantar, louvar, você está enganado. Cantar de coração é apenas o começo. Mas também é necessário sempre dar graças por tudo, e isso não é fácil. Conviver diariamente com outras pessoas não é fácil, devido às diferenças de temperamentos. Não somos acostumados a dividir, repartir o que é nosso. Mas, se estivermos cheios do Espírito Santo, cheios do amor, aí será possível. Deus ama uma pessoa do jeito que ela é, com todos os seus defeitos, mas Ele quer transformá-la e não desiste dela. Estar cheio do Espírito é estar cheio do amor de Deus. E, cheios desse amor, poderemos louvar a Deus de coração, dar graças, sujeitar-nos uns aos outros no temor do Senhor, amar a esposa, o marido, os filhos, etc.

Tudo se resume no amor de Deus!

Deus fala muito comigo em sonhos. Quando os tenho, busco muito ao Senhor para que Ele me ajude a entendê-los. Houve um tempo que eu ficava acordado noites inteiras orando para entender os mistérios do Senhor e vivia pedindo a Ele para me encher do Espírito Santo, porque se tem uma coisa que me aflige é quando alguém se aproxima de mim e diz: “Você é um homem cheio do Espírito Santo!” Eu fico mal com isso, porque eu sei que não sou. Eu quero ser cheio, mas sei que não sou. Isso é uma ilusão. Existem algumas frases evangélicas que nos iludem. Vemos alguém pulando e gritando e dizemos que “o irmão está cheio do Espírito” mas, às vezes, ele está apenas cheio de emoções, foi tocado por Deus, mas não está cheio do Espírito.

Certa vez tive um sonho que me marcou muito. Sonhei que estava fazendo minha primeira comunhão (fui católico, fiz catecismo e primeira comunhão). Lá estava eu, todo vestido de branco com uma velinha na mão e, então, comecei a cantar uma canção católica: “Para mim a chuva no telhado é cantiga de ninar, mas, para o pobre meu irmão, para ele a chuva fina vai entrando em seu barraco, faz lama pelo chão. Como posso ter sono sossegado, se no dia em que passou, os meu braços eu cruzei? Como posso ser feliz se ao pobre meu irmão eu fechei o coração, meu amor eu recusei?”

Quando acordei, pensei: “Deus está falando comigo”. Mas eu me recusava a crer que Ele estava falando da minha primeira comunhão. Entretanto, me lembrei de um episódio. Um irmão me contou que estava com problemas de goteiras em sua casa, e eu fiquei tocado com isso. Conversei com minha esposa e, pegando algumas economias que tínhamos guardado, resolvemos trocar o telhado da casa daquele irmão. Mas, quando o procuramos, ele disse que primeiro tinha que falar com a esposa. Havia dezoito goteiras na casa, mas ele voltou com a seguinte história: “Franco, o que acontece é que minha esposa quer fazer um terraço primeiro, então não é bom colocar um telhado agora”. Eu fiquei indignado com aquele história e fechei meu coração para ele. Aquela casa, na verdade, foi construída com recursos da igreja porque eles não tinham dinheiro. E, se não tinham condições de trocar o telhado, como iriam construir um terraço? “Que orgulho, que soberba”, pensei. Assim, quando tive o sonho, lembrei-me dessa história. Fiquei pensando e pedi a Deus: “Senhor se esse sonho é Teu e se tem alguma relação com esse irmão, eu quero que o Senhor fale comigo na Palavra escrita porque, fora da Palavra, eu vou entender que não é Teu”. E o Senhor me lembrou do seguinte texto:

“Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (I João 3:16-17).

Então o Espírito Santo me disse: “Se você tem recursos financeiros e sabe que seu irmão está passando por necessidades, o que você faz? Fecha o coração? Como é que o amor vai habitar, permanecer numa casa fechada? Se você quer ser cheio do amor deve abrir o coração”. E eu, desesperado, disse: “Senhor, mas eu tentei ajudar”. E Ele respondeu: “Disse bem, tentou! Mas, quantas vezes Eu quero lhe ajudar mas você vem com suas ideias e eu não desisto de você? Você só pensou no seu dinheiro e não no irmão. O que seria correto? E se fosse seu filho? o que faria? O que Eu faria? O que eu faço com você tantas vezes?  Eu desisto de você quando você me dá uma ideia carnal? Ou Eu lhe apascento? Ou Eu digo que você está equivocado? Sabe qual é o caminho do amor? Dizer a ele: Irmão, chame a sua esposa, vamos sentar e conversar, pois eu acho que vocês estão errados. Vocês não tinham recursos nem para fazer essa casa e agora têm uma casa, foram abençoados. Vocês precisam se arrepender. Hoje vocês precisam de um telhado, e não de um terraço. Se um dia Deus lhes der condições de ter um terraço, arranquem o telhado e façam o terraço. Do contrário, é isso que tem que ser feito”.

Naquele momento eu não tinha mais dúvidas em meu coração; Deus foi bem claro. Acabou a história. Chamei os irmãos, conversei, me humilhei, pedi perdão por ter-me conduzido mal com eles. À medida que eu falava eles foram se quebrantando, foram reconhecendo que, de fato, era um pensamento carnal o deles. Então, nós demos seguimento ao projeto e concluímos o telhado.

O Espírito de Deus precisa de uma casa aberta; a casa fechada O sufoca. Por isso o mandamento é: “Não apagueis o Espírito!” Como você apaga uma chama? Tirando o oxigênio dela, tirando aquilo que alimenta a chama. Não existe outro jeito: quer amar, abra o coração. Se você fechar o seu coração o amor vai extinguir, ele não tem como permanecer em você.

tsrnadSergio Franco
Texto extraído e adaptado do livro “Tudo se Resume no Amor de Deus”, que pode ser encontrado na loja Servo Livre.

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