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Sobre a briga entre calvinistas e arminianos

No último dia 18, um grupo de teólogos, pastores e líderes evangélicos lançaram uma nota pública sobre os debates entre calvinistas e arminianos, propondo um debate teológico pacífico e respeitoso. A nota, segundo seu próprio texto, esta foi motivada pela “recorrência de discussões e ataques pessoais realizados no âmbito eclesiástico, na internet e nas redes sociais, especialmente entre calvinistas e arminianos para a defesa de posições teológicas”.

Calvinistas e arminianos representam duas correntes teológicas que se opõem entre si na forma como enxergam a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humano no processo de salvação. Eu não conseguiria neste post resumir toda a discussão entre essas duas correntes, mas posso destacar que um dos temas em debate é a forma como cada grupo compreende a doutrina da Eleição. Para calvinistas, Deus elegeu incondicionalmente os que hão de se salvar, baseado única exclusivamente em Sua vontade. Enquanto que para os arminianos, a eleição é condicional, pois Deus elegeu pessoas para a salvação baseado em Sua presciência de quem crerá em Cristo.

Existem outras divergências sobre temas como a depravação humana, a expiação e a perseverança dos santos. Porém não pretendo me aprofundar nessas diferenças, pois meu propósito neste post é compartilhar uma reflexão gerada há alguns anos, quando constatei o crescimento da animosidade entre representantes de ambos os grupos.

Creio que antes de entrarmos em qualquer debate relacionado à fé, devemos sempre ponderar nas seguintes questões: “o que une uma pessoa a Cristo? O que faz com que alguém seja salvo?”. Essas considerações são importantíssimas, pois revelam a relação que a pessoa com quem estou debatendo tem com Deus, e, portanto, também determinam a relação que existe entre nós.

Pensemos…

Quando o ladrão na cruz pediu para que Jesus se lembrasse dele, qual foi a resposta dada pelo Senhor? Você imaginaria Jesus dizendo: “Lembrarei apenas se creres que na eleição incondicional” ou ainda: “Lembrarei apenas se creres no livre-arbítrio”. Certamente não imaginamos Jesus respondendo isso. O Senhor foi claro em dizer “hoje estarás comigo no paraíso”, dando segurança de salvação àquele homem, sem extrair dele sua compreensão sobre a eleição.

Quando o eunuco etíope perguntou à Filipe “que impede que seja eu batizado?”, que resposta recebeu? Filipe não disse “nada te impede, desde que creias na expiação limitada”, mas respondeu: “É lícito, se crês de todo o coração”. Crer em quem? Em Cristo, pois o eunuco declarou: “Creio que Jesus é o Filho de Deus”.

Quando o carcereiro de Filipos perguntou a Paulo e Silas, “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?”, não recebeu como resposta: “Crê no Senhor Jesus e na perseverança dos santos”. Antes, ouviu a boa notícia que tinha que apenas crer no Senhor Jesus.

O que uniu cada uma dessas pessoas a Cristo? O que fizeram para experimentarem a salvação? Apenas creram na pessoa do Senhor Jesus. É a fé em Jesus que nos une a Deus.  João afirma: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus”. E a consequência disso é que “todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (I João 5:1). Quem nasceu de Deus ama os demais filhos de seu Pai.

Uma vez que duas pessoas creem em Jesus, entre elas se estabelece uma relação de irmãos. E isso precisa ser levado muito a sério. Se somos irmãos, sobre a nossa relação incide o seguinte mandamento: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (I João 3:16). Nas palavras do próprio Jesus: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (João 13:34).

Se há dois irmãos em Cristo, sobre eles incide o mandamento do amor mútuo, e disso decorrer deveres como o de considerar o outro superior, o preferir em honra uns aos outros e o e servir uns aos outros.

Portanto, seja a diferença entre calvinistas e arminianos, ou qualquer outra diferença de opiniões, o que deve prevalecer sempre é o amor na prática, o amor doador, que nos leva dar nossa vida por nosso irmão.

Até que todos cheguemos a unidade da fé, é indispensável que nos mantenhamos firmes no amor, que é o vínculo perfeito.

Em Cristo,
Anderson Paz

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