Ensino

Terceirização ilícita no ministério pastoral

Aqueles que possuem certo conhecimento de Direito do Trabalho sabem que, salvo no caso de trabalho temporário, a terceirização das atividades de uma empresa só é possível quando se tratar de uma atividade-meio, e não de uma atividade-fim. Talvez isso fique mais claro se usarmos um exemplo prático. O funcionamento de uma escola, além de exigir serviços relacionados ao ensino (atividade-fim) também exige outros serviços que não estão relacionados diretamente com a finalidade da escola (manutenção, limpeza, segurança etc..). Neste caso, uma escola pode contar com o serviço terceirizado de limpeza, por exemplo, mas não pode terceirizar sua atividade de ensino, ou seja, sua atividade-fim.

Essa menção à terceirização pode nos ajudar a introduzir um ensino essencial à igreja. Se uma empresa, que tem interesses puramente terrenos, precisa ter clara qual é a sua atividade-fim, quanto mais a igreja, e em especial seus pastores, devem ter absoluta clareza de suas finalidades, posto que o trabalho destes têm valor eterno.

Os apóstolos, enquanto pastores da comunidade cristã em Jerusalém, em certo momento tiveram que reafirmar em suas mentes e corações qual era a sua atividade-fim. Esse momento está registrado em Atos 6. Ali, com a multiplicação dos discípulos, algumas viúvas necessitadas estavam sendo prejudicadas no serviço diário. Quando o problema chegou até os apóstolos, eles reconheceram a importância do socorro às viúvas e que isso é indispensável à igreja. Contudo, essa não era atividade-fim do ministério pastoral. Por isso , designaram outros homens para cuidarem desse serviço, a fim de se dedicarem a sua atividade-fim: a orações e o serviço da Palavra.

Muitas vezes, os pastores mergulham em uma série de atividades que os afastam daquilo que é essencial no ministério pastoral. Infelizmente, é comum que a oração seja uma atividade entregue ao grupo ou ministério de intercessão, enquanto os pastores se ocupam com a organização de eventos ou como administradores.

Precisamos compreender que as ovelhas precisam de pastores que orem por elas, que intercedam perante o Senhor, que invistam tempo e consagrem seu corações nessa batalha, tal como Epafras fazia pelos colossenses:

“Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus” (Cl. 4:12). 

Como precisamos de pastores que tenham o coração como o de Paulo!

Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação” (Ef. 1:16-17).

Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre com alegria oração por vós em todas as minhas súplicas” (Fp. 1:3-4).

Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações” (Fm 1:4).

Os pastores podem confiar a outros muitas de suas atividades. Porém, qualquer “terceirização” da oração ou do serviço da Palavra é um afastamento da essência do ministério pastoral, um desvio que causará grave dano à igreja.

Que o Senhor conduza seus pastores a perseverarem no serviço a que foram chamados.

Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para que o cumpras” (Cl. 4:17).

Em Cristo,

Anderson Paz 
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