Reflexões

Confissões de uma ex-consumidora

Vou começar falando um pouquinho de quem eu sou. Meu nome é Gisele, tenho 37 anos, sou casada, moro em Curitiba e minha decisão de caminhar com Jesus foi há mais ou menos 15 anos. Quero repartir com vocês como eu enxerguei o Reino de Deus a partir do momento da minha conversão.

Quando eu era incrédula, sempre desejei lutar por uma causa, algo que ajudasse a mudar a vida das pessoas, mas não conseguia identificar nenhuma. Eu me sentia sem propósito, vazia, sem rumo. Aos 22 anos, no auge dessa crise, depressiva e desejando cometer suícidio, fui atraída por Jesus e conheci o Reino de Deus. Finalmente minha vida tinha um sentido: adorar a Deus e servir a Jesus na construção do seu Reino.

Eu entendi que poderia fazer missões, não só em lugares distantes, mas principalmente no meu trabalho. Eu estava plantada num campo missionário, trabalhava com pessoas sedentas por conhecer o que eu tinha conhecido. Comecei ali a viver e proclamar o Reino de Deus, cumprir a missão a que Jesus nos enviou.

Eu viajava muito a trabalho e encarava essas viagens como mais uma oportunidade de ganhar essas vidas para Jesus. O texto de Mt 5:16 “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” me trazia uma convicção que se eu fizesse meu trabalho com excelência seria a chave para ganhar o coração dessas pessoas. Graças a Deus tive a oportunidade de acompanhar a transformação das vidas e famílias de vários irmãos que estão comigo em Curitiba e outros irmãos espalhados pelo Brasil.

Quero falar também o quanto me fez mal quando passei de Construtora do Reino a Consumidora. No Reino de Deus quando nós não nos ocupamos com a edificação de pessoas, automaticamente nos tornamos meros consumidores, querendo usufruir de direitos sem assumir os devidos deveres. Me casei em março de 2010 e nos meses seguintes comecei a me preocupar demasiadamente com a nova rotina de casada. Embora ser boa dona de casa seja um mandamento, fazer só as coisas de casa e cuidar do meu marido passaram a ser minhas únicas preocupações. Adoeci espiritualmente e fisicamente. Meus dias eram tristes, fiquei muito deprimida, tinha fortes dores de cabeça, não tinha mais desejo de estar junto com os irmãos, não proclamava o evangelho, não tinha mais prazer no meu trabalho, reivindicava amor dos meus irmãos. Eu passei a não ter mais clareza de que o meu dinheiro era para financiar a obra de Deus, me preocupava mais com meu bem estar do que com a Igreja de Jesus. Foi um período de muita sequidão.

Hoje, graças a ação da Igreja e de irmãos que alinharam minha visão, estou novamente apaixonada pela Igreja de Jesus. E nesse tempo em que meu amor tem sido reavivado, Deus até mesmo tem me dado a alegria de ver o fruto de semeaduras que fiz no passado. Recentemente, num retiro promovido  pela Igreja da qual faço parte, uma irmã que mora em outro estado e com quem caminhei por muito tempo, veio me dizer o quanto minha atuação em sua vida foi importante. O fruto disso eu pude contemplar: uma mulher firme na decisão em andar com Jesus e os pais dela se reconcilando com Jesus nesse mesmo retiro.

Atualmente, faço parte, junto com outros irmãos, da liderança de um ministério local de  jovens e meu trabalho e desejo é transmitir a eles o quanto cuidar das coisas do Senhor nos faz plenos, nos traz alegria.

Essa foi a missão a que Jesus no enviou: sermos construtores da sua Igreja.

Gisele dos Santos de Andrade

Servo Livre
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