Ensino

A procura de pais…

Paulo estava escrevendo uma carta a uma igreja extremamente problemática. Entre os muitos problemas estavam divisões carnais, litígios entre irmãos, imoralidade não corrigida, desordem e imaturidade no uso dos dons espirituais.  Essa era a igreja em Corinto. Diante desse quadro, Paulo, apresenta a seguinte solução para aquela igreja:

“Portanto, suplico-lhes que sejam meus imitadores. Por essa razão estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel no Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo Jesus” (1 Co. 4:16-17).

O apóstolo detecta o problema e encaminha a solução: mais do que ensino, aquela igreja precisava de referência. Mais do que Palavra, eles precisavam ver a Palavra vivida por alguém. Precisavam de gente a quem imitar. Talvez pareça uma grande presunção de Paulo colocar seu estilo de vida como solução para o problema de uma igreja. Contudo, o que o apóstolo estava fazendo era colocar em prática um princípio: todos nós precisamos de referências.

E para resolver a falta de referência da igreja em Corinto. Paulo envia alguém que ele considerava como filho fiel. Para imitar, tem que ser filho. Ou seja, podemos dizer que a solução para a falta de referência se resolve com dois ingredientes: gente disposta a ser pai, e gente aberta a ser filho.

Timóteo já era cristão antes de conhecer o apóstolo (At. 16:1-2), mas ao longo do tempo teve tamanha proximidade em relação a Paulo, e um coração tão aberto a aprender, que o apóstolo chega a dizer: “você tem seguido de perto o meu ensino, a minha conduta, o meu propósito, a minha fé, a minha paciência, o meu amor, a minha perseverança” (2 Tm. 3:10). Em outra ocasião, Paulo diz o seguinte sobre Timóteo: “Não tenho ninguém como ele, que tenha interesse sincero pelo bem-estar de vocês, … vocês sabem que Timóteo foi aprovado, porque serviu comigo no trabalho do evangelho como um filho ao lado de seu pai” (Fp. 2:20-23).

Ao olhar tantos problemas em meio à Igreja de hoje, não hesito em dizer: a igreja precisa de pais. Para isso, é preciso gente que pague o preço de ser um referencial de vida, que gaste e se deixe gastar em favor de seus filhos, que tenha interesse sincero pelo bem-estar deles. Mas também é necessário gente que tenha um coração aberto para receber influência, para se inspirar no modelo de outros, para aprender.

Identifico em minha vida que certos medos me impediram de experimentar com profundidade o que é ser filho. Talvez seja esse o seu caso. Às vezes nos limitamos pelo medo de sermos decepcionados, de nos ferirmos com os erros dos outros, de sofrer algum tipo de descaracterização. Contudo, estou decidido a romper com qualquer medo e limite, e experimentar com profundidade a riqueza que existe em ter alguém como referência, como pai. E também quero romper com tudo que me limita a ser um pai. Quero um dia poder dizer: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (I Co. 11:1)

Em Cristo,
Anderson Paz