Reflexões

O Evangelho e os pastores ateus

Há um tempo li uma matéria intitulada “Pastores ateus continuam liderando suas igrejas” que trata sobre a vida de dois homens nos EUA que, apesar de ocuparem o pastorado de suas congregações, há muito tempo perderam a fé em Jesus. Tornaram-se ateus, sem que suas congregações soubessem disso.  Sua incredulidade é reservada para a esfera privada de suas vidas.

Ao ler a matéria, me pus a pensar sobre o mandamento de Jesus deixou aos seus discípulos em Mateus 28:18-20, também chamado de A Grande Comissão. Ali, os discípulos recebem o mandamento de fazerem outros discípulos, outros seguidores de Jesus. Mas, como se faz discípulos de Jesus? O próprio texto nos responde ao dizer: “…ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado”. Para fazer discípulos é preciso ensinar alguém a guardar todas as coisas que Jesus ordenou.

Apesar da simplicidade e clareza do texto, nem todos percebem que discípulos não são feitos quando ensinamos o que Jesus ordenou, mas são feitos quando ensinamos a guardar o que Jesus ordenou.  Há uma diferença fundamental entre ensinar e ensinar a guardar.

Ensinar é transmitir conteúdo, informação. E isso qualquer pessoa tem condições de fazer. Nem mesmo precisa crer em Jesus. Basta saber transmitir informações acerca dEle. Até mesmo um ateu pode dizer que Jesus mandou amar os inimigos, orar pelos que nos perseguem, perdoar, servir etc.. Ensinar essas coisas não implica em nenhum compromisso em vivê-las ou em crer nAquele que as ensinou. Sendo assim, se o ministério pastoral é reduzido à mera transmissão de informação acerca da Bíblia e à administração de uma congregação, um ateu pode exercer essa função com certo êxito.

Contudo, ensinar a guardar é ensinar a observar, a praticar, a viver tudo o que Jesus ordenou. E para isso é necessário muito mais do que transmissão de informação. É preciso primeiramente ter compromisso em viver como Ele, a ponto de poder dizer como Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (I Co. 11:1). Ensinar a guardar é viver o Evangelho de tal modo que uma pessoa possa ver em você o “como guardar” a palavra de Jesus. É ser exemplo, modelo, inspiração. É colocar-se ao lado para animar na caminhada cristã, fortalecer, consolar, mas também confrontar quando preciso. Em síntese, isso é ensinar a guardar, e é assim que se faz discípulos. Essas atitudes não são esperadas de quem não crê de todo o coração que Jesus Cristo é o Senhor, o Filho do Deus vivo.

A notícia acerca dos pastores ateus só demonstra como o ministério pastoral tem sido distorcido ao longo do tempo. De um serviço para conduzir pessoas a viver o Evangelho, tornou-se uma mera atividade de palestrante e administrador. Que o Senhor levante Seus pastores, homens segundo o Seu coração, para conduzir Sua Igreja.

Em Cristo,

Anderson Paz
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Servo Livre
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