Ensino

Marcianos, venusianos e a Igreja

Em Efésios 2:19, Paulo nos lembra de uma verdade que nunca deve ser esquecida: somos membros da família de Deus. Já em Gênesis encontramos indícios de que Deus, com a criação do homem, pretendia formar uma família que expressasse Seu caráter. Criou o homem à Sua imagem e semelhança (Gn. 1:26) e, como Ele não criou ninguém para a solidão (Sl. 68:6), fez homem e mulher, dando ordens para que se multiplicassem e enchessem a Terra.

Sabemos que o homem se desviou desse propósito. O fato do primeiro homicídio ter sido cometido entre irmãos é emblemático e demonstra, com toda clareza, como o pecado interferiu no propósito de Deus em formar uma família. Em vez de filhos de Deus, os homens se tornaram filhos da ira e da desobediência (Ef. 2:3, 4) e filhos do inferno (Mt. 23:15), merecedores da morte e do castigo (Rm. 6:23).

Contudo, Deus não desistiu da raça humana. Ele não partiu para um plano B. O pecado não foi suficiente para fazer com que Deus desistisse do Seu propósito com o homem e partisse para criar os marcianos ou os venusianos, e começasse um novo propósito com eles. O propósito de Deus manteve-se de pé. Por isso, desde o início providenciou um retorno para o homem, através de Jesus: caminho, verdade e vida.

Portanto, todos os que passam por esse Caminho, estão retornando ao propósito. Ao se arrependerem, deixam o estado de rebelião e se rendem ao Reino de Deus. A Igreja, não como instituição, mas enquanto comunidade daqueles que, por meio de Jesus, se tornaram filhos de Deus, nada mais é do que o propósito de Deus resgatado e no caminho de sua completa realização. É a humanidade redimida, regenerada, que descobre o que é ser humano de verdade, pois a verdadeira humanidade consiste em expressar a imagem do Criador. A Igreja é a concretização do que Deus queria com a humanidade desde o princípio.

A Igreja está a caminho desse propósito. Jesus disse que a edificaria, e isso quer dizer que a obra ainda não está completa. Paulo disso que estava trabalhando para apresentar a Igreja como uma virgem pura a Cristo (2 Co. 11:2) e todo homem perfeito em Cristo Jesus (Cl. 1:27,28)

Ao pensar sobre a Igreja, vejo que dentre as coisas que existem sobre a Terra, ela é o que existe de mais precioso. Afinal, ela é a família do Pai. De Cristo,  ela é Corpo e Noiva, e Ele é o principal interessado em guardar a honra e a dignidade de sua noiva. Do Espírito Santo, a Igreja é Templo, construído por pedras vivas que somos nós (1 Pe. 2:4). Portanto, ao lidarmos com a Igreja, deveríamos, com temor, nos lembrar das palavras de Paulo: “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1 Co. 3:17).

Tudo isso já é suficiente para me fazer enxergar que, mesmo diante de decepções e frustrações em relação às igrejas-instituições, e ainda que eu encontre problemas no meio da verdadeira Igreja (família de Deus), ainda assim ela é a coisa mais preciosa que eu poderia encontrar sobre a Terra, e por ela vale a pena gastar e se deixar gastar (I Co. 12:15). Por causa dos filhos de Deus, vale a pena suportar tudo (II Tm. 2:10), pois um dia, o Senhor Jesus receberá sua noiva gloriosa.

Enquanto Deus não criar marcianos, é pela Igreja, a humanidade redimida, que tenho que lutar.

Anderson Paz